[Recomendação] Koko Be Good

Koko Be Good me chamou atenção na livraria pela sua capa, a arte do coreano Jen Wang é bela e sutil, com os traços orientais popularizados pelo mangá. Dias depois o comprei e me surpreendi pelo conteúdo. Me lembrou outra obra com proposta similar, Scott Pilgrim, mas já vou explicar a diferença já já. Queria primeiro me aprofundar na poesia artística criado pelo autor.

Diferente de mangás, que certas pessoas nutrem certo preconceito (com razão) por não conhecer obras mais maduras, Koko tem uma arte mais orgânica, os traços suaves dançam nas páginas, exaltando expressões dos personagens e movimentos. Posso dizer que é um quadrinho com bastante movimento? Sim, junto com a belíssima arte do traço, a colorização é magistral, provavelmente em aquarela, poucas cores pastéis dão o tom ao traço e casam tão bem com uma história inocente sobre o fim da adolescência.

Scott Pilgrim, tirando as diversas referências da cultura de entretenimento (90% dele), temos uma trama que envolve os problemas dos jovens em aceitar a maturidade e crescer. E  o tempero e motivação para isso, são relacionamentos.  Koko Be Good também tem essa proposta, só que bem menos puxado para os adolescentes e mais para os jovens adultos.

Geralmente as pessoas dão muita prioridade ao evento que é a adolescencia, a fase que a criança começa a se tornar o “indivíduo”, mas poucas se lembram de dar atenção para um evento tão assustador para o jovem quanto. A dita transposição para a fase adulta. Talvez porque para os pais, o afastamento dos filhos tão apegados na hora da adolescencia, regados com hormônios e pré-entendimentos sobre o que é a vida afastam o amor maternal e a tendência é uma fase de transição que os pais se obrigam a acreditar que está tudo bem, afinal é mais fácil criar um filho com 18/20 do que um de 13/14, não é mesmo? Ledo e brutal engano.

Por isso as duas obras me chamaram bastante atenção. E não duvido que vá encantar também adultos, que com certeza já passaram pelas difíceis escolhas da vida. Seja por escolher uma faculdade que levará os rumos de sua vida pra sempre, ou agarrar uma proposta que pode deixar para trás coisas muito boas. Isso é Koko Be Good.

Jon tomou a escolha mais difícil de sua vida e não parece se importar, se mudar para o Chile e casar com sua colega de classe mais velha. Ao mesmo tempo, Koko começa a se intrometer na vida de Jon de maneira avassaladora (digdin).

Por mais que eu esperasse, Koko não será uma rival que brigará pelo amor de Jon. As coisas são muito mais críveis e pé no chão que novelas mexicanas ou brasileiras. Ela é o tapa na cara, forte demais, mas necessário para Jon. E começamos a nos perguntar uma série de questões sobre nós mesmos, pela vida turbulenta e volátil que é a de Koko.
Escolhas sobre bem e mau, preconceitos e a necessidade de se provar. Tudo isso está nas entrelinhas direta ou indiretamente nesta obra. E apesar das decisões finais tomadas pelo fim, não quer dizer que exista realmente uma resposta, pois não tem. Koko é o avatar disso tudo, e para que consigamos adentrar seu mundo, é necessário um interlocutor hábil. Nesse caso, o jovem Jon cumpre muito bem seu papel. Tanto que divide o posto de coprotagonista com Koko.

E em volta de Jon e Koko, uma série de curtas histórias orbitam em volta destes personagens. Pois mostra o quanto nossas decisões podem ser verdadeiras avalanches na vida de outras. Por mais que eu não queira ou acredite nisso.

Não me delongarei mais. Koko Be Good é uma ótima série, não indispensável, mas boa. Pode muito bem ser um bom respiro light entre obras mais densas se você já é acostumado com quadrinhos ou uma boa entrada nesse mundo arte-seqüência. Pois fala de assuntos entranhados em nós que nem sequer percebemos que existem, como uma leve terapia, essa obra pode ser uma leve sessão de auto-conhecimento.

 

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