Uma decepção chamada Jurassic World ou o anti-review

O novo filme da franquia dos dinossauros está batendo recorde atrás de recorde em arrecadação. Ele também está conquistando o coração da crítica com 71% no Rotten Tomatoes neste momento. Até mesmo a resenha aqui do Mundo Freak foi extremamente positiva. Então por que eu saí do cinema tão desagradado pelo filme?

Talvez seja uma união de pontos chave nesta nova aventura com uma memória muito fresca dos filmes anteriores, que havia visto recentemente. Tentarei me fazer entender melhor enumerando coisas que me incomodaram.

Logo de cara a visão Sea World que invadiu a Ilha Nublar me pareceu completamente equivocada. Primeiro por ser uma deturpação imensa do ideal de John Hammond. Em Jurassic Park ele queria criar um santuário, onde as pessoas vissem os animais de longe, mas não interagissem muito, como acontece bastante na África. Os jipes passariam perto das grades, ou em áreas abertas, mas sem que houvesse interação entre o público e os animais.

Em Mundo Perdido, Hammond se torna um ambientalista e envia uma expedição para a Ilha Sorna, onde dinossauros tem vivido livremente sem contato com pessoas. Seu grupo tenta impedir que caçadores contratados pela InGen aprisionem os animais para criar um parque nos mesmos moldes do Sea World. Jurassic World parece se passar em um mundo onde os vilões do segundo filme venceram.

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O segundo motivo que este novo parque me incomoda está em um excelente documentário chamado Blackfish (tem na Netflix, mas clicando aqui você confere o trailer), que mostra os bastidores de parques aquáticos nos EUA, especialmente o Sea World. Já não gostava deste tipo de atração, mas depois de ver o documentário nada que me lembre isso vai me agradar.

Mas foi só isso? Não, mas explicar mais que isso partirá para a zona turva dos spoilers, portanto se você não viu Jurassic World e se importa com todas as surpresas, pode parar de ler o texto aqui.

Outra coisa que não desceu bem foi a relação entre o treinador Owen (vivido pelo Chirs Pratt) e seus velociraptors de estimação. Este quarteto de dinossauros é apresentado de maneira bastante correta e coerente. O personagem utiliza métodos conhecidos para treinamento de animais, mas ele é o primeiro a dizer que antes de mais nada aqueles são predadores perigosos. Na cena onde ele precisa entrar na jaula para salvar uma pessoa, o clima é tenso e em certo momento o próprio Owen precisa fugir.

Quando aparece a necessidade de usar os raptors para perseguir o iRex, eles passam a se portar exatamente como cães de caça. Esquecendo completamente aquela introdução. Os bichos só se viram contra Owen porque na programação do dinossauro da Apple tem DNA de velociraptor. Por isso que todo dia paro para bater um papo com um macaco bonobo, que tem DNA 98,7% igual ao humano. Tarzan ficaria orgulhoso do frankensauro.

Outro ponto que anulou o primeiro filme foi o uso do T-rex. Em Jurassic Park ele era apresentado como um predador, que precisava de uma caça para ser alimentado. Em uma cena do filme é oferecido um carneiro para o dinossauro e ele não aparece para os visitantes pois precisa de um estimulo que lhe leve a caçar. Em Jurassic World eles resolveram a birra do T-rex para procurar seu almoço. Bastava jogar um sinalizador e estava tudo resolvido.

O dinossauro mais famoso da franquia também entra em um problema que foi meio chatice da minha parte, mas que não consegui deixar de lado. Os saltos de adamantium usados pela personagem Claire (Bryce Dallas Howard). Lá pelo meio do filme Owen diz pra ela que a busca se tornará perigosa e ela não poderá ir. Bastou a moça amarrar o casaco na cintura e tudo estava bem. Trocar o sapato? Pra que? Se tem sambista que samba a Sapucaí toda de salto por que ela não pode correr em um terreno extremamente irregular e acidentado sem torcer o tornozelo?

O salto desta moça é tão bom, mas tão bom que faz ela correr mais rápido que um jipe. No primeiro filme o tiranossauro dá uma carreira em um jipe, que precisa acelerar bastante para não ser pego. Mas se quisermos trazer para a vida real, pesquisas mostram que um T-rex podia chegar a uma velocidade de 40 km/h. Nosso recordista Usain Bolt chega a correr na velocidade de 45 km/h, portanto aquele salto dela é mágico mesmo.

Eu poderia gastar mais dois parágrafos falando do núcleo infantil e a perda de tempo gasto com a trama deles e do divórcio dos pais, mas desta parte eu não quero sequer lembrar.

No fim um raio deve ter atingido a cabeça dos velociraptors, que não só se voltam contra o iRex como ainda desistem (ou desiste, pois só sobrou o MacLeod) do alimento fácil após a batalha final. Que só foi vencida pois o Mosassauro resolve dar uma de orca e levar o monstro do mal para as profundezas. Tudo muito lindo, todo mundo vivo. Agora quem vai alimentar um ser aquático daquele tamanho, que vive em um lago sem ligação com o mar? Posso deduzir que o maior herói do filme morrerá de fome em poucos dias nadando em círculos dentro de um lago.

O filme tem pontos positivos? Claro. Chris Pratt continua distribuindo carisma em qualquer papel que coloque a mão. As cenas de ação são bem filmadas e existe uma nostalgia em voltar para a Ilha Nublar. Infelizmente, para mim, não foi o suficiente para salvar o filme.

Quer discordar de mim? Declarar seu amor ao filme? Me chamar de chato de galochas? Mande ver nos comentários aí embaixo que chegaremos a um denominador comum.

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