As fitas do mal nos filmes

Olá, Freaks! Hoje venho aqui falar sobre um tema diferente, um tema interessante, que é a manifestação do mochila de criança em vídeo, retratada pelo cinema! Existe toda aquela lenda de que certos objetos são capazes de capturar a essência da pessoa, como espelhos e fotografias. E se podem capturar a essência de um ser humano, por que não a essência do mal também? E por que não em vídeo?

Ultimamente existem muitos filmes estilo found footage (que não deixam de ser vídeos) e muitos que se utilizam do uso das redes sociais (agora em novembro teremos a estreia do filme “Amizade Desfeita”, que basicamente usa o Skype como plataforma para as ações do fantasma), mas eu quero dizer fitas mesmo. Fitas videocassete. Daquelas que você tem que rebobinar, sabe?

Escolhi alguns filmes que abordam o tema e vou falar um pouquinho sobre eles. Podem se despreocupar com os spoilers porque, como vocês sabem, tia Dressa é da Spoiler Police!

 

As Fitas de Poughkeepsie (The Poughkeepsie Tapes) – 2007

Preciso começar dizendo que demorei demais pra ver esse filme e que o fato de não ter pesquisado sobre a história por trás dele melhorou 1000% a experiência de assisti-lo. Sugiro que vocês façam o mesmo!

Na época do lançamento houve muito buzz na internet sobre a história e as fitas, mas sua estreia nos cinemas foi cancelada, assim como o lançamento em DVD e Blu-ray. Nada nunca foi explicado sobre o assunto (mistériossssssss). O filme é escrito pelos irmãos Drew e John Erick Dowdle, também responsáveis por Quarentena 1 e 2, Demônio e Assim na Terra como no Inferno.

Poughkeepsie Tapes conta a história de um serial killer, considerado o melhor que já passou pelos Estados Unidos. Ele sabia como matar, como se livrar dos corpos e como confundir a polícia, fazendo com que seus crimes fossem designados para diferentes perfis psicológicos. Ora atacava um grupo seleto de vítimas, ora atacava de forma irregular. Ele nunca foi pego, mas deixou que a polícia encontrasse sua casa, que tinha uma coleção de trocentas fitas com os registros de seus assassinatos e torturas, além de vários corpos enterrados no quintal.
O filme é gravado em formato de documentário, com depoimentos dos policiais e pessoas ligadas ao caso e reconstituições dos crimes, iniciados na primeira metade dos anos 90. Esse documentário é dividido em 7 partes (As fitas; Primeiro sangue; Melhorando; Cheryl Dempsey; Um novo Modus Operandi; Uma perdida; Encontrado) e conta a trajetória do assassino baseada no que ele documentou nas fitas: seus primeiros crimes, que aconteciam de forma aleatória, até os últimos, já executados de forma limpa e profissional, depois de muito aperfeiçoamento (principalmente no manuseio da câmera).

Duas partes são muito interessantes: a história de Cheryl — uma jovem que ele perseguiu, sequestrou e manteve em cativeiro por 8 anos como uma espécie de escrava que sofria torturas sexuais, psicológicas e físicas diariamente, até o dia que foi encontrada junto das fitas—, e quando ele assumiu a identidade do Water Street Butcher (Açougueiro do Water Street), mudando suas vítimas para prostitutas e fazendo com que a culpa por seus crimes caísse em um policial local, só para logo depois de sua condenação, mandar uma carta para a polícia dizendo que eles pegaram o homem errado.
O destaque do filme são as supostas fitas, que nos são mostradas de tempos em tempos. Vemos os assassinatos e as torturas e a coisa toda é tão realista que é difícil saber se você realmente está assistindo a um snuff movie ou se é encenação. O assassino é extremamente teatral e usa muitas máscaras, fantasias e falas de efeito durante suas torturas, deixando tudo bastante desagradável de se assistir. Minha única reclamação é que, se o filme gira em torno das fitas, acho que deveriam ter mostrado muito mais das fitas do que mostraram. Mas de toda forma, vale muito a pena dar uma olhada e assistir a cena pós-créditos!

Poughkeepsie Tapes

Nota: 4,0/5

 

Trilogia V/H/S (V/H/S, V/H/S/2 e V/H/S: Viral)– 2012, 2013 e 2014

Sabe quando a gente anda na montanha-russa? Você senta no carrinho, e vai subindo e subindo e é super legal, é divertido, é engraçado. Daí você para lá no alto, ainda tá mega legal, mas você sabe que depois você vai cair. Daí o carrinho aponta pra baixo e você despenca. Enquanto você cai, tem aquela sensação bizarra de que você tá vazio por dentro e que nunca vai melhorar. Pronto! Acabei de descrever pra vocês minha experiência assistindo à trilogia.

V/H/S é a subida da montanha-russa. Um grupo de amigos que filma atos de vandalismo para colocar na internet recebe uma proposta de ir até uma casa e recuperar algumas fitas VHS em troca de dinheiro. Ao chegar lá encontram o dono da casa morto no sofá, e enquanto alguns exploram a casa, outros começam a assistir as fitas e um a um vão sumindo misteriosamente.

São 5 curtas, e cada um é mais louco que o outro. Tem os amigos que arrumam um óculos-câmera e saem para pegar meninas e trazê-las para filmar um pornô (não consentido), mas a menina que eles arrumam não é tão legal quanto parece. Tem o casal viajando de carro e filmando seus momentos românticos, até que uma jovem aparece na porta de seu quarto e coisas estranhas começam a acontecer. Tem a galera que viaja até um lago onde um crime bárbaro aconteceu, e ao chegar ao local começam a reviver os bizarros acontecimentos. Tem o casal conversando pela webcam e presenciando aparições fantasmagóricas. E tem os amigos entrando na casa errada na noite de Halloween e descobrindo que a noite não será tão divertida quanto eles pensaram. É um filme bem interessante de se assistir, mas me incomodou um pouco não saber o final da história do cara que escondeu uma câmera pra filmá-lo com sua namorada.

Nota: 4,5/5

 

V/H/S/2 é quando você tá parado lá em cima, esperando a queda. Conta a história de um investigador privado e sua parceira, que recebem um chamado de uma mãe procurando seu filho que está sumido. Ao invadirem o apartamento para investigar, encontram uma coleção de fitas videocassete e começam a assisti-las.

Dessa vez são 4 curtas. Todos bem legais, mas alguns me deixaram com a sensação de que a criatividade sumiu do meio pro final. Temos o cara que coloca uma prótese robô-câmera no lugar de seu olho e se torna capaz de ver pessoas mortas. Temos o cara andando de bike pela floresta, com uma câmera em seu capacete, que se torna zumbi (ZUMBI EM PRIMEIRA PESSOA, GENIAL!). Temos uma equipe fazendo um documentário sobre a comunidade religiosa Paradise Gates que, ao atravessar os portões da comunidade, descobre que o paraíso não é bem o que eles imaginaram que seria. E temos os 3 irmãos que ficam em casa sem os pais e presenciam luzes bizarras acompanhadas de criaturas mais bizarras ainda. Esse segundo filme é total insólito. O conto do Paradise Gates é tão trash que chega a doer, mas ainda assim me diverti muito. Daí eu pensei, “ah, o 3 deve ser melhor ainda”. RISOS.

Nota: 4/5

 

VHS: Viral é quando você deeeesce na montanha-russa. Ele é tão estranho e tão confuso que eu meio que não sei nem como explicar? A história principal mostra um casal que gosta de fazer filmagens. Ao assistirem TV, percebem que tem uma perseguição policial vindo em direção ao bairro onde moram e o rapaz vai até a rua para tentar filmar a ação. Sua namorada parece hipnotizada por algo que vê no celular, anda roboticamente até a rua e desaparece junto do carro que está sendo perseguido. O rapaz deduz que sua namorada foi raptada e começa a perseguir o carro, junto da polícia.

https://youtu.be/BRb-IlRrZWY

São 3 curtas que são interessantes, mas meio mal-executados, ficando meio longos, meio chatos e com final preguiçoso. O primeiro conta a história de Dante, o Mágico. Ele toma posse de uma capa que tem poderes sobrenaturais e que precisa se alimentar de sangue humano (a capa, não Dante). Sua assistente encontra fitas de vídeo que registram os crimes cometidos por Dante/pela capa e o denuncia, porém Dante é mais forte do que parece. O segundo mostra um homem que cria uma máquina que faz com que ele consiga fazer contato com um universo paralelo, onde ele encontra seu outro eu com uma vida parecida com a sua, porém completamente diferente. O terceiro mostra amigos fazendo um vídeo com manobras radicais de skate que viajam até Tijuana atrás de um lugar bom para gravar, encontrando um local abandonado com vários desenhos pintados no chão. Quando um dos meninos se machuca e deixa cair sangue em um dos desenhos, pessoas/coisas estranhas começam a aparecer e cercá-los.

O que dá pra entender mais ou menos é que os locais por onde a perseguição passa se tornam caóticos. Os curtas não fazem muito sentido dentro do resto da história, tirando o fato de que no final do filme todos os vídeos são disponibilizados na internet (acredito que todos os vídeos de todos os filmes), deixando o mundo à mercê dos horrores existentes neles. Apesar de não fazer muito sentido, parece que foi um final para a trilogia. Rezam as lendas que o 4 vai ser feito, mas não sei se é uma boa ideia… pra onde mais a montanha-russa vai? O conceito dos filmes foi criado por Brad Miska, produtor de alguns outros filmes e curtas de terror.

Nota: 3/5

 

A Entidade (Sinister 1 e 2) – 2012 e 2015

O primeiro filme nos conta a história de Ellison (Ethan Hawke, de Boyhood e The Purge), um escritor de um sucesso só, que se muda com sua família para uma casa no interior, tentando escrever outro livro que o deixe famoso novamente. Pouco depois da mudança ele descobre no sótão de sua casa uma caixa com vários rolos de filme Super 8. Cada filme mostra uma família fazendo atividades de lazer e, ao final do filme, todos estão mortos. Quem é o responsável por aqueles filmes?

Ellison fica um pouco obcecado com todas essas fitas e começa a pesquisar por assassinatos que se encaixem com as cenas que ele viu. Ao descobrir mais sobre os crimes, que remontam aos anos 60, ele também descobre que todas aquelas fitas fazem parte de algo muito maior: uma entidade que se alimenta de crianças, conhecida como Bicho-Papão Bagul.

O legal desse filme é toda a atmosfera dele. O cenário é basicamente a casa da família, em tons frios e escuros, deixando tudo com um ar ligeiramente claustrofóbico. As cenas com Bagul me deram alguns sustos irritantes e o rosto dele é tão feioso que se você falar “aquele filme com o cara do rosto feio” eu já sei de qual você tá falando. Eu achei que Sinister foi um oásis no meio de um milhão de filmes de terror found footage e ele não me desapontou.

Ok, são filmes Super 8. Mas são velhos que nem VHS, não sejam chatos!

Nota: 4/5

O segundo filme conta a história de Courtney (Shannyn Sossamon, de Coração de Cavaleiro e Wayward Pines), que se muda com seu casal de filhos para uma casa afastada, na tentativa de fugir de seu ex-marido violento.  A história das fitas se repete e Courtney não demora a perceber que algo errado está presente em sua casa. Nesse filme, são seus filhos quem assistem às fitas e meio que se tornam obcecados por elas.

https://youtu.be/AQbSt-_wLjo

A atmosfera desse é bem diferente. O cenário deixou de ser claustrofóbico e a fotografia se tornou ligeiramente mais clara. Há doses de humor também, com o personagem do Xerife Fulano de Tal (James Ransone, de Oldboy e 72 horas), também presente no primeiro filme como um fã dos livros de Ellison. Neste filme ele está de volta como um investigador privado, que resolve ajudar a família de Courtney por conhecer a maldição de Bagul e querer dar um fim nessa história.

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A qualidade caiu bastante, em minha opinião. Perdeu muito do terror visual do primeiro filme, mas ainda assim não é um filme ruim. É bem mais pipoca do que o primeiro, com certeza. Mas vale pela cena incrível do supermercado, onde o som das rodas do carrinho imitam o som do rolo de Super 8 girando na tela. Já era uma amostra de tudo que estaria por vir.

Nota: 3,5/5

 

Ringu – 1998

Impossível falar de fitas mal-assombradas sem falar dos filmes que criaram toda essa cultura e renderam rios de dinheiro para Hollywood com o início dos remakes de filmes asiáticos! Foram inúmeros filmes sobre Ringu, além de séries, um remake sul-coreano e filmes para televisão, mas esse de 1998 é o principal, originado do livro de mesmo nome, lançado em 1991 (parte de uma série de 6 livros, até agora).

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Ringu conta a história de Reiko (Rachel no americano), uma repórter que está investigando uma história sobre um vídeo amaldiçoado. Ela recebe uma ligação e descobre que sua sobrinha faleceu, e que mais 3 de suas amigas morreram na mesma noite e do mesmo jeito que ela. Enquanto olha as fotos tiradas por sua sobrinha na semana anterior, quando ela ficou hospedada com os amigos em uma cabana, Reiko resolve ir investigar. Chegando à cabana ela encontra uma fita de vídeo com aquela sequência de imagens bizarras que a gente já conhece do remake (mas muito mais bizarras porque asiáticos sabem assustar direitinho), e assim que a fita acaba ela recebe a famosa ligação dos “Seven Days”.

Voltando para casa, Reiko pede a ajuda de seu ex-marido Ryuji (Noah no americano) e faz uma cópia da fita para que os dois possam estudá-la. Naquela mesma noite o filho dos dois, Yoichi (Aidan no americano), assiste à fita e diz que sua prima morta mandou que ele assistisse. Reiko e seu ex-marido descobrem uma mensagem oculta na fita, escrita no dialeto de uma ilha próxima. Eles viajam até essa ilha e conhecem a história da psíquica Shizuko e sua filha Sadako (Nossa querida Samara <3), que também tinha poderes paranormais. Depois de muito quebrarem a cabeça (e da gente levar vários sustos), eles descobrem que a fita é uma manifestação maligna do espírito vingativo de Sadako, que mata qualquer pessoa que assistir.

Reiko e Ryuji têm visões da morte de Sadako e conseguem achar seu corpo. Eles acham que conseguem quebrar a maldição mas é óbvio que não, pois Sadako tem sede de sangue e a única forma de não morrer é fazer uma cópia da fita. Todo mundo sabe disso!

Nota: 5/5 (por todos os sustos asiáticos que esse filme me proporcionou e pela coincidência absurda do meu telefone fixo ter tocado assim que eu terminei de assistir o filme pela primeira vez)!

E vocês? O que acham dessa “divulgação” do mal através das fitas VHS? Vejo vocês nos comentários, não se esqueçam de rebobinar antes de devolver pra locadora!

 

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