Ocultismo dentro dos Animes – Fullmetal Alchemist

Como falamos algumas vezes no episódio do Mundo Freak Confidencial sobre Cabala, alguns animes têm referências aos sagrados inscritos, alguns óbvios, outros apenas como referência. Para entender mais sobre o que se trata a Cabala esotérica/judaica escute lá esse programa.

Resumidamente, temos um sistema místico que visa a interpretação do universo entre o homem e a figura do divino. Algumas vezes, essa figura sagrada é retratada como um Deus, outras vezes apenas como uma força que rege tudo a nossa volta. É algo conceitual e abstrato do que é o inalcançável, o perfeito e o não-material.

O desenho da Árvore da Vida da Cabala é algo tão arquetípico que se pode ser encaixada perfeitamente em qualquer crença ocidental monoteísta (Dualista também, mas não vou me aprofundar para esse texto). E talvez por esse motivo, os autores podem abordar em suas obras conceitos magníficos que se encaixam bem na nossa sociedade sem necessariamente recair em uma religião específica, evitando ocasionar um possível mal estar para pessoas de outras crenças.

Se pensarmos nos elementos sagrados da Cabala com um caráter interpretativo de uma força sagrada primordial os autores podem livremente falar sobre isso sem serem atacados pelos não crentes da religião x ou y.

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É bom avisar que eu não assisti todos os animes do mundo então vou apontar aqueles que realmente chamam a atenção. Se o caro leitor souber de outras referências, deixe nos comentários que possivelmente colocarei no post.

Full Metal Alchemist Brotherhood (2009)

“Alquimia é a ciência do conhecimento, decomposição e recomposição da matéria…
Entretanto, de forma alguma significa onipotência.Não é possível produzir algo partindo do nada.
A natureza da alquimia é tal que, se alguém quiser obter algo ele precisa pagar um preço equivalente.
Este é o fundamento da alquimia, chamado de Troca Equivalente.”
– Edward Elric, o Alquimista de Aço

 

Porque não abordar a série animada anterior (2004) da saga dos irmãos Elric, mas sim a mais recente? Simples! Apesar da obra dar suas pinceladas nos conceitos filosóficos do mangá, ele toma rumos diferentes e algumas liberdades criativas que acabam por distorcer o trabalho da autora. Já Brotherhood utiliza o mangá quase como um storyboard, deixando apenas para trás o que é necessário.

A primeira referência que temos e a mais emblemática com toda a certeza é a porta da “verdade”, no qual uma entidade acaba por “roubar” partes do que é mais precioso para o alquimista que faz uma transmutação humana. Essa é uma representação óbvia da “mordida” no conhecimento daquele que não é capaz de compreende-lo e por isso Deus o castiga por esse pecado.

A representação é clara, o entalhe da porta é a versão de Robert Fludd que representa a Árvore da Vida e suas Sephiroth. Robert foi um ocultista famoso por estudar a obra de um dos mais famosos alquimistas da história: Paracelsus.

A entidade sorridente, que pode ter gerado certa confusão para a maioria dos fãs da obra, não tem uma identificação específica, por isso entramos no caráter especulativo. Essa entidade se apresenta como guardião do portão da verdade, e segundo a autora ele seria “parte” do alquimista. Apesar disso, o anime apresenta uma versão um pouco mais simples e direta: O Tudo.

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“Eu sou o que você chama de Mundo, ou então Deus, ou então Tudo, ou então o Único, Eu também, e sou Você”.

– Verdade, ao se apresentar para o homúnculo no final da série.

Temos também um conceito interessante que não representa apenas a Cabala, mas vários outros sistemas filosóficos.

Ainda pequenos, os irmãos Elric suplicaram a ajuda de Izumi para que lhes ensinasse a alquimia, já que possuíam apenas conceitos básicos. E o que ela fez foi joga-los em uma ilha deserta onde os irmãos passaram 30 dias se virando apenas com uma faca.

A moral da história, depois explicado por ela, é o famoso “Tudo é Um e Um é Tudo”. Uma das muitas regras da alquimia no anime leva a crer que o indivíduo faz parte do universo como um todo e por conseguinte existe um universo dentro de cada um de nós. Uma filosofia do cíclico, que rege a Cabala. Entender o fluxo da vida e as leis naturais seriam passaportes para conseguir entender e praticar a alquimia ocidental da maneira adequada. Não entrarei no mérito da alquimia oriental de Xing, também apresentada na série.

Izumi.Curtis.full.90572

Temos também a representação do perfeito através da força bruta, da artificialidade. O homem não está preparado para a perfeição e a imperfeição da pedra filosofal que tanto os irmãos buscam é prova disso.

O folclore da pedra, no nosso mundo, recai nesse conceito de que existiria uma “Pedra filosofal” (Lapis Philosophorum) e com ela, o alquimista poderia transmutar qualquer “metal inferior” em ouro, como também transmutar seres do reino científico-biológico Animalia (reino animal) sem sacrificar algo que dê um valor considerável em troca. Também seria possível obter o Elixir da Longa Vida, que permitiria prolongar a vida “indefinidamente”.

Stones

Com toda a certeza temos como abordar mais a fundo nessa fantástica série, mas paro por aqui. Se quiserem um pouco mais o site Teoria da Conspiração fez um post ligando os personagens da série a cada sephirath da árvore da vida e tudo se encaixou perfeitamente. Ou será que o conceito é tão arquetípico que podemos até enxerga-lo em todos os personagens da ficção? Seria um ótimo exercício descobrir!

Em breve lançarei mais textos abordando outros animes e como eles são influenciados por esse mistério que é a Cabala.

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