Pequenos atos de uma vida raramente são suficientes para a construção de lembranças das quais o tempo não levará.

Oldboy, este é o nome do filme que me deixou com cara de “jovem”, surpreendido e aturdido pela ousadia do diretor que transforma este filme em pura arte. Faz seus público se chocar com o desafio mental proposto por ele e ao choque de sua resolução. Não julgue ser uma produção de menor gabarito por ser coreana, mas é melhor se preparar para ser atingido por um soco direto no estômago ao ver esta obra incrível do cinema Asiático.

Quando vi o filme, não sabia, mas o é o segundo de uma trilogia, sendo que o primeiro filme não chegou ao Brasil e a terceira ainda não foi produzida. Oh Dae-su é o protagonista, e Oldboy trata-se de um filme sobre vingança e o que o coração humano é capaz de fazer para se vingar.

É dos melhores filmes que tive o prazer de assistir até hoje, visceral, perturbador, incrível. Recheado de violência, vingança e coberto de sangue, mas sem jamais se perder no roteiro. Há momentos muito pesados, que me deixaram tenso, me revirando enquanto assisti, contudo não pude fugir da curiosidade de como aquilo iria terminar e é assim que você se sente, preso ao destino de Oh Dae-su.

 A trama se inicia com Oh Dae-su sendo mantido em uma delegacia até que seu amigo Joo-hwan aparece para buscá-lo. Logo em seguida faz uma ligação para desejar parabéns à sua filhinha que esta aniversariando e logo que seu amigo pega o telefone para falar, Dae-su desaparece. Acorda preso, um apartamento pequeno, quarto e banheiro, recebe comida por uma pequena portinhola na porta de metal por pessoas que mal consegue ver os pés e jamais se comunicam com ele. Não sabe quanto tempo ficará preso e muito menos porque está preso, e utilizando de cadernos e lápis que estão em sua posse lista todos os possíveis desafetos que teriam algum motivo para tal castigo, aparentemente são muitas pessoas listadas e logo escreve as lembranças de sua vida enquanto o tempo passa. A televisão, que o mantém atualizado no mundo exterior é seu passatempo juntamente com treinamentos de boxe nas paredes, possivelmente acompanhando os esportistas da Tv.

Como sempre as mesmas comidas, periodicamente sofre sessões de hipnose quando seu quarto é enchido com um gás que faz dormir e assim seus cabelos são cortados e a barba feita. E assim depois de 15 anos, sem maiores explicações, Oh Dae-su é solto. Uma carteira com algum dinheiro, roupas e um telefone celular são dados a ele. E é aquela sensação, acabou filme? Pelo contrario agora ele começa. A prisão de 15 anos era uma pequena parte do castigo verdadeiro que Dae-su não perde por esperar. Logo depois de seu desaparecimento a 15 anos, a esposa de Dae-su foi assassinada e sua morte posta em sua “conta”. Uma filha sumida e sem outro familiar, Dae-su sai à procura do seu algoz, o homem responsável por tanta dor e provações. E logo neste ponto de sua caçada ele encontra uma jovem chamada Mi-do (Hye-jeong Kang), que é uma sushiwoman de mãos frias.

E agora tudo parece ficar melhor. Estar livre, com algum dinheiro, ao lado de uma jovem muito atraente que lhe ajuda, nas tais respostas. Alias as tais perguntas martelam sua cabeça, e Oh Dae-su vai resolver suas angustias. Prepare-se para um balde de emoções, e a água deste balde é bem gelada: medo, angustia e sofrimento estão inseridos no pacote de emoções que chegarão sem avisar e ao lado destas emoções você pode contar com cenas antológicas – quando ele põe em pratica seu treinamento solitário de Box e a cena do corredor, arte em forma de combate . Simplicidade e talento, isso você vai achar facilmente em Oldboy.

Vencedor do Festival de Cannes em 2003 é um filme honesto sem o pastiche típico do cinema estadunidense e sendo assim a recomendação desta obra de arte do cinema coreano é certa. Mas como aconteceu com tantos outros sucessos do cinema Asiático, Oldboy não ficou de fora dos “olhos de Hollywood”, que já confirmaram a refilmagem deste longa, que pode contar com Josh Brolin (Onde os Fracos Não Têm Vez) como protagonista, quem está cotado para interpretar o “vilão” é Colin Firth, vencedor do Oscar deste ano. Tantos outros foram cotados, mas até a data de hoje pude achar estas informações navegando pela internet.

Logo posso dizer que Oldboy é um filme bem violento, porem não há gratuidade nas mesmas, tudo tem um motivo e uma razão, vale cada minuto de atenção e de tensão. Agora, se você quer ver um filme para se sentir feliz e tranqüilo, não veja o veja, espere um momento melhor para apreciar as atuações, Oldboy é para ser prestigiado com calma e atenção.