[Review] Mighty No. 9

Faz um mês que tivemos o lançamento do tão aguardado (e adiado) Mighty No 9, projeto do lendário game designer Keiji Inafune, criador de Rockman (Mega Man na América), que tinha como premissa ser um sucessor espiritual da série que a Capcom basicamente abandonou. Mas como foi o lançamento do jogo?

Em primeiro lugar, apesar de eu ser um backer (apoiador) do projeto no KickStarter, só recebi o jogo nove dias depois do lançamento (bom, pelo menos tem a ver com o título da série), mas volto a esse tópico depois. Ao começar o jogo, a primeira coisa que vemos são os gráficos do mesmo e esse é o principal problema do jogo. Quando ele foi anunciado na plataforma de arrecadação, tínhamos alguns concepts muito bonitos em 2D. Porém quando saiu o primeiro beta, vimos uma arte em 3D que não estava bom. Eu até pensei que poderiam fazer uma enquete para que os apoiadores escolhessem o estilo de arte do jogo, mas isso não aconteceu. Se acreditava, pelo menos, que até o lançamento do jogo, os gráficos fossem melhorados, mas não foi o que ocorreu. Não existe uma iluminação na cena e os personagens sequer tem sombra. Jogando se nota menos, mas se você está vendo alguém jogar, fica muito chamativo. Parece que pediram para uma empresa especializada em 2D fazer um jogo em 3D, o que não fosse tanto da verdade, já que a Inti Creates, desenvolvedora do jogo, tem seus melhores títulos desenvolvidos em 2D.

Concept do jogo

Concept do jogo

Gráficos finais do jogo

Gráficos finais do jogo

Bom, mas vamos pular os problemas e falar de coisa boa. Ainda na parte de arte, vamos falar na trilha sonora. Composta por Manami Matsumae, compositora do Rockman original. Apesar dela não ser parte da comcept (empresa de Inafune que produziu o jogo), ela trabalhou como freelancer e fez uma trilha sonora muito legal, principalmente o tema principal, que é um dos temas de jogos mais legais em minha opinião, estando no meu top de favoritos. Também há a opção de jogar com uma versão chiptune da trilha sonora, remetendo ao jogo que deu origem a Mighty No 9. Ainda sobre a parte sonora, o jogo tem dublagem. Além da dublagem em inglês já prevista a ter no jogo, depois de uma campanha paralela que foi feita, com a entrada da Deep Silver como publisher, foram adicionadas as vozes em japonês e francês. isso fica muito legal, o único ponto negativo, remete novamente aos gráficos, pois é estranho em cutscenes ver os modelos sequer abrir  a boca para falar, apenas mexendo os braços e o som saindo sabe-se lá de onde.

Indo para a jogabilidade, eu acho que o jogo acerta bastante nesse ponto. Embora seja um jogo que tenha toda uma tradição dos jogos de Rockman, a jogabilidade de Mighty No 9 tem suas próprias características. O jeito correto de se jogar não é simplesmente ficando longe dos inimigos e atirando. Ao atirar, você enfraquece os mesmos, porém o jeito correto de derrotá-los é usando o Absorb Dash, que absorverá todos em seu caminho. Isso faz com que o jogador deva se arriscar mais e se aproximar dos inimigos. Além de Beck (o Mighty No 9), temos uma fase com a personagem Call, que é mais furtiva, e também a personagem de DLC (possível graças à Deep Silver) Mighty No 0, Ray. Ela não atira, tendo no lugar do braço direito uma enorme garra usada para combate à curta distância, tornando o jogo dela mais difícil que com Beck. As armas absorvidas dos chefes também são diferentes para Beck e Ray, sendo que ele se transforma totalmente e ela somente a garra. Ainda sobre os chefes, só tenha cuidado ao usar a arma do Mighty No 5, pois como gera explosões e devido a (novamente) os gráficos em 3D, muitas explosões geram slowdown.

MN9 Battalion Weapon

Apesar desses problemas, o jogo é sim muito divertido, ainda mais para fãs do gênero como eu. A ideia de usar a absorção também é muito legal, fazendo o jogo ficar mais dinâmico, ainda mais levando em conta que quanto mais rápido você absorve um inimigo , maior a percentagem e ao absorver os inimigos em 100%, você ganha combos, que estimulam o jogador a buscar o maior combo possível. As transformações de Beck e as armas do braço de Ray são bem variadas e divertidas de usar. A história é bem simples, mas o que deve se esperar de um jogo do estilo, ainda mais remetendo ao clássico Rockman. O interessante, que mesmo que baseado em um conceito antigo, temos um contexto mais atual, no sentido que o vilão não é simplesmente um cara mau que quer dominar o mundo, como o velho Dr. Wily. Isso seria muito anos 80 (ou era Showa, como diriam os japoneses), então nosso vilão aqui tem um contexto mais interessante. O único ponto negativo na história realmente são as cutscenes com as “mensagens telepáticas” mencionadas anteriormente, sendo as cenas em 2D que existem muito mais legais.

MN9 Wonderful achievement

Embora seja um jogo simples, com 12 fases ao todo, o fator replay é grande, pois além das fases mencionadas, há a fase DLC em que Beck enfrenta Ray. Após derrotá-la, é possível jogar todo o jogo com ela, sendo que ela é mais difícil por ser um personagem melee. Além da dificuldade normal do jogo (que não é fácil, uma boa pedida para aqueles que reclamam dos jogos fáceis de hoje em dia), há a dificuldade difícil (que faz jus ao nome), a dificuldade híper (que eleva a dificuldade a um nível bem alto) e também (novamente graças a entrada da Deep Silver no projeto) a maniac, ou extremo, em que é um dano e uma morte. Uma vez conhecendo o jogo é possível terminá-lo em duas horas, até em uma se você estiver bem afiado. porém há vários achievements para se desbloquear, alguns bem difíceis. Até o momento do lançamento desse texto, já terminei nos três níveis de dificuldade (não sou louco de me atrever a jogar o Maniac, pois isso é para os masoquistas do Dark Souls), mas ainda há várias conquistas para serem liberadas, dando ainda mais algumas boas horas de jogo.

MN9 Challenges

No fim, além das questões técnicas muita relacionadas a gráficos que já foram mencionadas, acho que o grande problema com Mighty No 9 foi a empresa por trás, a comcept. Eu fui um dos apoiadores, mas só recebi o jogo 9 dias depois, devido a problemas na entrega das keys no Humble Bundle, sendo que várias pessoas tiveram o mesmo tipo de problema. O que eu vejo é que a comcept, uma empresa pequena, acabou por tentar morder uma fatia muito maior que sua boca e não deu muito certo, algo admitido pelo próprio Inafune. Isso gerou problemas com os vários adiamentos, devido ao grande número de plataformas nas quais o jogo foi lançado, além de ter um grande número de apoiadores para poder entregar o jogo no dia do lançamento. É realmente lamentável tudo isso que ocorreu. Atualmente, se a empresa lançasse uma nova campanha no KickStarter, dificilmente eu apoiaria hoje. Honestamente eu espero que Inafune e sua turma tenham aprendido bastante depois de tudo e que possam fazer bem melhor no futuro.

Para finalizar, digo que Mighty No 9 é sim um bom jogo. Porém se você é um cara para os quais os gráficos são muito importantes em um jogo, passe longe. Se você gosta do estilo do jogo, eu recomendo, porém digo que não precisa ter pressa em comprá-lo. Talvez seja interessante esperar alguma promoção. Agora se você quer bastante jogar um jogo do gênero, recomendo Azure Striker Gunvolt, desenvolvido e produzido pela própria Inti Creates e que tem muito o estilo de Rockman Zero. No final do verão (no hemisfério norte, inverno aqui), teremos o lançamento da sequência, Gunvolt 2. Eu digo que esse segundo é mais esperado do que Mighty No 9 e esse com certeza terei no lançamento, pois não precisarei esperar enviaram as chaves certas. Ah, se jogarem o jogo e terminarem, eu estou nos créditos como Mighty No 27374. 🙂

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